
Os clássicos: Alfred de Musset
Alfred de Musset
Nome completo: Alfred Louis Charles de Musset
Nascido em Paris no dia11 de dezembro de 1810
Falecido em Paris em 2 de maio de 1857 de malformação cardíaca… e boemia.
Passar de Victor Hugo a Alfred de Musset é no mínimo ousado. Seria até difícil comparar dois teatros que se parecem tão pouco que mal dá para acreditar que foram escritos quase ao mesmo tempo. No entanto, o jovem dândi de vida sem lei e o já burguês são muito contemporâneos: somente oito anos os separam.
O que não os aproximava, por sinal, visto que Musset não tinha muita estima por Hugo, e zombava de seus amigos poetas que já faziam dele um mestre. E os estilos são muito diferentes, é o mínimo que se pode dizer.
Mas aí, sendo hoje um autor consagrado (apesar de só ter sido realmente encenado após sua morte, graças a seu irmão Paul que lhe reconstruiu uma reputação que sua vida de boemia talvez lhe proibisse), Musset está no programa não só da mui clássica Comédie Française como também das aulas de francês do ensino médio.
E assim ele se vinga de Hugo. Porque além dos tempos, há frases, há palavras que tocam os adolescentes. E mais de uma, e mais de um, na hora das primeiras emoções e mais se afinidades, se sentiu e ainda se sente atingida e atingido por estas linhas escritas há quase dois séculos:
“Todos os homens são mentirosos, inconstantes, falsos, tagarelas, hipócritas, orgulhosos e covardes, desprezíveis e sensuais; todas as mulheres são pérfidas, artificiosas, vaidosas, curiosas e depravadas; o mundo não passa de um esgoto sem fundo onde as mais informes focas se arrastam e chafurdam em montanhas de lama; mas há no mundo uma coisa santa e sublime, é a união de dois desses seres tão imperfeitos e tão abomináveis.
No amor, a gente muitas vezes é enganada, muitas vezes ferida e muitas vezes infeliz; mas a gente ama, e quando chegamos perto de nosso túmulo, nos viramos para olhar por trás; e nos dissemos: “sofri com frequência, enganei-me algumas vezes, mas amei. Sou eu quem vivi, e não um ser factício criado por meu orgulho e meu tédio.”
Alfred era um emo antes da moda. Também não era o único neste século XIX, encontraremos outros. Tudo não é tão interessante em suas peças. A intriga ainda dá para o gasto, sempre em volta das relações entre pessoas, e em particular jovens e descritas como belas.
Mas sejamos francos: as mocinhas cheias de mimimi, os marmanjos com rei na barriga, cenas que parecem intermináveis porque o casalzinho emburra e fica chocado numa palavra ou outra… Em nossos tempos de WhatsApp e de emojis, Fredinho certamente não teria escrito assim.
Pouco importa. É preciso sempre ter à mente que este eterno jovem galã desenvolvia seus diálogos preciosos enquanto, muitas vezes, estava deitado em companhia de uma ou várias de virtude negociável. Sim, Musset era uma adepta das casas da luz vermelha.
No dia 27 de maio de 1852, após duas tentativas frustradas, chega a glória: eleito na Academia Francesa. Porém, ele sai discretamente depois de seu discurso de posse e não aparece na recepção organizada em sua honra: ele está num de seus prostíbulos preferidos, do qual vira Chanceler Permanente.
Homem de contrastes, é um príncipe da devassidão e ao mesmo tempo o rei do romantismo francês. As noites do homem são agitadas, “As Noites” do autor são líricas. Os quatro longos poemas que levam esse título são muito sentimentais, misturando os temas do amor e da dor.
De todas as conquistas de Alfred de Musset, uma será marcante. Para ele tanto quanto para ela. Como de costume, trata-se de uma história de amor intenso, como um fogo de alegrias, de discussões literária, de brigas e de ruptura.
Ela, é Georges Sand. Mulher livre, muito mulher, muito livre, ela vai contar a história deles num livro, após uma relação tempestuosa de menos de dois anos. Mas como ela também escreveu muitas outras obras, ela merece mais que um ou dois parágrafos: é um pouco de sua história que contaremos no próximo episódio.
Nom complet : Alfred Louis Charles de Musset
Né à Paris le 11 décembre 1810
Mort à Paris le 2 mai 1857, de malformation cardiaque… et vie de bohème.
Passer de Victor Hugo à Alfred de Musset est un tant soit peu osé. Il serait même difficile de comparer deux théâtres qui se ressemblent si peu qu’ils semblent ne pas avoir été écrits presqu’en même temps. Et pourtant le jeune dandy à la vie sans règles et le déjà bourgeois sont très contemporains : à peine huit ans les séparent.
Ce qui ne les rapprochait pas d’ailleurs, puisque Musset tenait Hugo en piètre estime, et raillait ses amis poètes qui déjà en faisaient un maître. Et puis les styles sont très différents, c’est le moins que l’on puisse dire.
Mais voilà, étant un auteur aujourd’hui consacré (alors qu’il n’a vraiment été joué qu’après sa mort, grâce à son frère Paul qui lui a reconstruit une réputation que sa vie de bohème lui interdisait peut-être), Musset est au programme non seulement de la très classique Comédie Française, mais aussi des classes de français de l’enseignement secondaire.
Et c’est là qu’il prend sa revanche sur Hugo. Parce qu’au-delà des âges, il y a des phrases, il y a des mots qui parlent aux adolescents. Et plus d’une et plus d’un, à l’heure des premiers émois, voire plus si affinité, s’est senti et se sent encore touché par ces lignes écrites il n’y a pas loin de deux siècles :
« Tous les hommes sont menteurs, inconstants, faux, bavards, hypocrites, orgueilleux et lâches, méprisables et sensuels ; toutes les femmes sont perfides, artificieuses, vaniteuses, curieuses et dépravées ; le monde n’est qu’un égout sans fond où les phoques les plus informes rampent et se tordent sur des montagnes de fange ; mais il y a au monde une chose sainte et sublime, c’est l’union de deux de ces êtres si imparfaits et si affreux.
On est souvent trompé en amour, souvent blessé et souvent malheureux ; mais on aime, et quand on est sur le bord de sa tombe, on se retourne pour regarder en arrière ; et on se dit : “ J’ai souffert souvent, je me suis trompé quelquefois, mais j’ai aimé. C’est moi qui ai vécu, et non pas un être factice créé par mon orgueil et mon ennui. »
Alfred était un « émo » avant l’heure. Il n’est pas le seul dans ce XIXe siècle, nous en verrons d’autres. Tout n’est pas aussi attachant dans ses pièces. L’intrigue, passe encore, toujours autour des relations entre les personnes, et particulièrement jeunes et décrites comme belles.
Mais soyons francs : les demoiselles qui minaudent, les jeunes coqs qui se la jouent, des scènes qui paraissent interminables parce que les deux tourtereaux butent et se cabrent sur un mot ou un autre… À l’heure de WhatsApp et des emojis, Fredo n’aurait certainement pas écrit comme ça.
Peu importe. Il faut toujours avoir à l’esprit que cet éternel jeune homme développait ses dialogues à fleuret moucheté alors que bien souvent, il était au lit en compagnie d’une ou plusieurs à la vertu monnayable. Oui, Musset était un adepte inconditionnel des maisons à la lampe rouge.
Le 27 mai 1852, après deux tentatives infructueuses, c’est enfin la gloire : élu à l’Académie Française. Pourtant, il s’éclipse discrètement à la fin de son discours d’entrée et ne participe pas à la réception en son honneur qui suit : il est dans un de ses bordels préférés, fait Chancelier Permanent.
Homme de contrastes, alors que c’est un prince de la débauche, il est le roi du romantisme français. Les nuits de l’homme sont agitées, « Les Nuits » de l’auteur sont lyriques. Les quatre longs poèmes qui portent ce titre sont très sentimentaux, alliant les thèmes de l’amour et de la douleur.
De toutes les conquêtes d’Alfred de Musset, une sera marquante. Pour lui comme pour elle. Comme d’habitude, il s’agit d’une histoire d’amour intense, comme un feu de joies, de discussions littéraires, de disputes et de ruptures.
Elle, c’est Georges Sand. Femme libre, très femme, très libre, elle va conter leur histoire dans un livre, après leur liaison orageuse de moins de deux ans. Mais comme elle a aussi écrit nombre d’autres livres, elle mérite bien plus qu’un ou deux paragraphes : c’est un peu de son histoire que nous conterons au prochain épisode.

Publicado por: Emmanuel Jeanneau
Radialista com coração, jornalista de profissão, professor por opção. Para deitar satisfeito, preciso ter aprendido no mínimo uma coisa durante o dia. E graças aos alunos e aos colegas do En France, durmo todas as noites como um bebê (que não sou mais faz tempo, só para constar).
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